terça-feira, 21 de julho de 2015

DE MANSO...



De tanto olhar o mundo, já não sinto espanto.
Caminho pelas ruas e, quanto mais ando,
respingos vão ficando no chão da andança
e mais vazias vão ficando as minhas mãos.

Os pássaros são só pardais titubeantes.
As nuvens do meu céu, as mesmas nuvens brancas.
Uma criança chora, uma mulher reclama.
Um cão de olhar humilde se encolhe a um canto.

Meus olhos desistiram, neste mundo grande,
de ver o que não há, da ilusão farsante.
No curso de uma vida, tudo são instantes.

Porém no ritmo seco dos passos que avançam
sem rumo, num passeio isento de lembranças,
uns acordes de Mozart chegam-me de manso...


EL FORO DISTANCA...

Mi jam ne miras plu, la mondon rigardante.
Iradas mi surstrate kaj ju pli avancas,
faladas gutoj sur la grundon de la vanto,
kaj des pli senenhavaj restas miaj manoj.

Paseroj ĉirkaŭ mi, vulgaraj, hezitantaj.
La nuboj sur ĉielo, samaj nuboj blankaj.
Virino plendas pro la ploro de infano.
Humilokula hundo sen karesa mano.

Okuloj miaj jam rezignis en ĉi granda,
sensenca, iluzia mondo, tute vana.
La vivon konsistigas scenoj senornamaj.

Subite, tamen, inter paŝoj seke lantaj,
sencelaj, en promeno kie belo mankas,

sonoj de Mozart venas, el foro distanca...