domingo, 9 de setembro de 2012

VENTO

 
 
há lugares do mundo em que o vento sopra sempre na mesma direção
são ventos obstinados  que zunem monotonamente as mesmas notas sibilantes
por tempo inesgotável
e tocam as folhas e as poeiras
e inclinam os galhos das árvores
e empurram a chuva
e as ondas do canal
e as vozes das crianças
e dos velhos que descansam em bancos de madeira
antiquíssimos ventos incansáveis
que vencem  tudo que é rijo
e a tudo submetem com sua insistência milenar
 
e no entanto é possível caminhar contra o vento
desafiar sua lufada
receber cisco nos olhos
gelhas na pele
secura na garganta
e ter como recompensa apenas o ingênuo prazer do próprio passo
 
VENTO
ekzistas lokoj en la mondo kie la vento blovas ĉiam unudirekte
ili estas obstinaj ventoj kiuj zumas monotone per samaj siblaj sonoj
dum neelĉerpebla tempo
kaj peladas foliojn kaj polvon
kaj klinadas arbobranĉojn
kaj puŝadas  pluvon
kaj la ondojn sur la kanalo
kaj la voĉon de infanoj
kaj de maljunuloj kiuj ripozas sur lignobenkoj
tre antikvaj senlacaj ventoj
kiuj venkas ĉion rigidan
kaj ĉion submetas per sia multjarmila insistado
 
kaj tamen eblas paŝi kontraŭ la vento
defii ĝian frapadon
akcepti polverojn sur la okulojn
sulkojn en la haŭton
sekecon en la gorĝon
kaj ricevi kiel rekompencon nur la naivan plezuron de la propra paŝo


4 comentários:

  1. Éolo, o deus dos ventos, deve estar rindo à toa. Esse belo poema exalta a força, a coragem para enfrentar as ventanias da vida. Sem perder, porém, a coloração graciosa dos zéfiros que nos encantam pelas curvas do caminho.

    ResponderExcluir
  2. Mi samopinias, se oni ne povas ŝanĝi la situacion, pli bone estas akcepti la sorton. Vi bele esprimis la ideon.

    ResponderExcluir
  3. Respostas
    1. Conhecendo o poeta como conheço, li todo o poema esperando pelo último verso! Terá sido ele o verso inspirador? Belíssimo, Paulo. Sugiro que acrescente alguma informação sobre a ótima foto: local, data, fotógrafo...

      Excluir