segunda-feira, 21 de novembro de 2016

MEU AMIGO HINDU


O último filme do talentoso cineasta argentino Hector Babenco – “Meu Amigo Hindu” – foi rodado em 2015 e lançado no Brasil no início de 2016. Meses depois Babenco faleceu do câncer contra o qual lutara nos últimos anos. E estes últimos (e penosos) anos de sua vida são o tema de seu canto de cisne.
O filme, de modo chocantemente corajoso, descarta no entanto qualquer concessão ao sentimentalismo. Ao contrário, o desespero, com toda a sua carga de crua humanidade, perpassa a agonia do protagonista.
A morte não logra vencer o egoísmo, a sexualidade desvairada, o cinismo, o sarcasmo,  o medo que beira a covardia. Mas também não abafa a lucidez de uma inteligência poderosa, a sensibilidade de uma criança que perdura no homem rude, o apurado domínio sobre as palavras e sobre a imagem. Luz e sombra de que todos somos feitos.
Não poderia, assim, resultar um filme agradável de se ver, se se olhar apenas seu conteúdo trágico. É áspero, duro, cortante, vizinho da náusea, em seus momentos mais ríspidos. Mas acena com uma esperançosa carga de terna humanidade, ao terminar com uma curiosa recriação de “Cantando na chuva”, visto pelos olhos de um homem que morre - e que brilham pela última vez. Não se sabe se é para rir ou para chorar.


MIA HINDA AMIKO

La lasta filmo de la talenta argentina filmisto Hector Babenco – “Mia Hinda Amiko” – estis verkita en la jaro 2015 kaj lanĉita en Brazilo en la komenco de 2016. Kelkajn monatojn poste, Babendo mortis de la kancero, kontraŭ kiu li bataladis dum la lastaj jaroj. Kaj tiuj lastaj (kaj penaj) jaroj de lia vivo estas la temo de lia kanto de cigno.
La filmo, ŝoke kuraĝa, forĵetas tamen ian koncedon al sentimentaleco. Male, malespero, kun sia tuta ŝarĝo de kruda homeco, trapasas la agonion de la protagonisto.
La morto ne sukcesas venki egoismon, senregan seksemon, cinikecon, sarkasmon, timon proksiman al poltroneco. Sed ĝi same ne sufokas la klarmensan, potencan inteligentecon, la sentemecon de ia infano, kiu plu ekzistas en kruda homo, la rafinitan regadon sur vortoj kaj bildoj. Lumo kaj ombro, el kiuj ni ĉiuj estas faritaj.
Sekve, ne povus rezulti filmo agrabla je la spektado, se oni rigardas sole nur ĝian tragikan enhavon. Ĝi estas malglata, malmola, tranĉa, najbara al naŭzo, en siaj momentoj plej malmildaj. Sed ĝi mangestas per ia esperplena ŝarĝo de amoplena homeco, kiam ĝi finiĝas per kurioza rekreado de la konata kanzono “Kanti sub la pluvo”, vidata per la okuloj de mortanta homo, kiuj brilas lastfoje. Oni ne scias, ĉu oni devas ridi aŭ plori.

5 comentários:

  1. As sessões de filme estão fazendo bem, minha mãe também comentou o filme. Creio que a visão dela ficou somente no trágico, gostou do filme mas achou pesado! Fiquei curioso!

    ResponderExcluir
  2. Kia brila recenzo! Mi nepre spektos tiun intensan filmon!

    ResponderExcluir
  3. Bonita CRÔNICA! Tocante... Sempre achei Babenco genial! Parabéns por lembrar-nos desse brilhante cineasta argentino!

    ResponderExcluir