segunda-feira, 25 de novembro de 2019

cansaço

PSV - 2019


estou cansado deste corpo e suas ideias
arrasto as pernas pelo mundo
arrasto pensamentos
carrego nas costas as dobras das manhãs
as sombras dos poentes
as minhas dúvidas
as minhas muitas dúvidas
não compreendo esta chuva que desaba inesperada
não decifro sequer a fala do meu cão
esta umidade nas minhas mãos
a lufada que vem do mar
o mecanismo da memória
as palavras sonoras e vazias
não sei nada
sou como esse pombo manco que pousa no telhado
e crocita



laco


mi estas laca pro ĉi tiu korpo kaj ĝiaj ideoj
mi trenas la krurojn tra la mondo
mi trenas pensojn
mi portas surdorse la faldojn matenajn
la sunsubirajn ombrojn
miajn dubojn
miajn multajn dubojn
mi ne komprenas ĉi tiun pluvon kiu subite falas
mi ne deĉifras eĉ la parolojn de mia hundo
ĉi tiun malsekecon de miaj manoj
la blovon venantan de la maro
la meĥanismon de memoro
la belsonajn malplenajn vortojn
mi nenion scias
mi estas kiel tiu lama kolombo kiu staras sur la tegmento
kaj kveras

5 comentários:

  1. Também estou assim. O pombo, ainda que manco, provavelmente está bem melhor que nós

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  2. Penso que todos somos presas desse cansaço, que surge qual lobo faminto a nos espreitar a coragem de prosseguir, na esquina das décadas que percorremos e outras que nos aguardam os passos.
    Só não podemos alimentar o lobo, assim no segreda a Sabedoria. Façamos dele nosso companheiro quando o sileêncio for mais eloquente que qualquer palavra.

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  3. "Estou cansado, é claro. Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado." Os versos são de Fernando Pessoa, para quem não os conhece. Os seus são lindos, Paulo!

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  4. Laceco estas nur ĉarma preteksto por la poeto verki belan kaj pensigan poemon!

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  5. Meu amigo... tem outras verdades! É que estamos cansados uns dos outros, momentos muito difíceis da convivência humana. Estamos cansados dos jogos que jogamos, das mentiras que contamos a nós mesmos e aos outros, da incerteza que promovemos entre nós. Não queremos usar um disfarce, mas tampouco queremos continuar a ser tolos, bobos e ingênuos. Temos de jogar esse jogo e manter os papeis. E vamos fingir sermos alguém, porque infelizmente não temos certeza das nossas escolhas.

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