quinta-feira, 3 de outubro de 2024

sobre a (in)felicidade

 

PSV 0ut 2024
 
 
 

Leio na primeira página do jornal que um empresário chinês decidiu conceder aos seus empregados uma certa “licença infelicidade”. O direito a faltar ao trabalho, algumas vezes por ano, por estar passando por um momento de infelicidade. Fico a imaginar como lhe sobreveio a ideia. Talvez de um diálogo singelo com seu trabalhador:

- Por que faltaste ontem ao trabalho, meu jovem?

- Eu estava muito triste, meu patrão.

- Ah, lamento. Pode-se saber por que?

- Pode-se, mas não importa. Todo mundo fica triste de vez em quando.

Silêncio.

O patrão:

- Pois é justo. Trabalhar em estado de infelicidade infelicita o trabalhador e o fruto do trabalho. E isso acontece de tempos em tempos, por ser da natureza humana. Que os meus trabalhadores permaneçam em casa, nesses dias sombrios, até que se lhes reacenda uma luz no espírito. É justo.

Fico eu a cogitar se o chinês será mais infeliz que o brasileiro, o guatemalteco ou o marroquino. Ou o hindu, o tcheco, o indonésio. Se seria o caso de medir a infelicidade dos povos, do mesmo modo como se mede a sua felicidade – para destaque dos escandinavos, campeões da modalidade.

Acho que não. A felicidade talvez se possa medir; a infelicidade é sempre imensurável.  

 

pri (mal)feliĉo

 

Mi legis sur la unua paĝo de ĵurnalo, ke ĉina entreprenisto decidis permesi al siaj dungitoj ian “forpermeson pro malfeliĉo’ Nome, la rajton manki en la laboro, kelkfoje dum la jaro, se ili trapasas momenton de malfeliĉo. Mi imagas, kiel  venis al lia kapo tiu ideo. Eble tio estis simpla dialogo kun lia laboristo:

— Kial vi ne ĉeestis hieraŭ en la laborejo, kara junulo?

— Mi estis malĝoja, mia mastro.

— Ho mi bedaŭras. Ĉu oni povas scii, kial?

— Oni povas, sed tio ne gravas. Ĉiu homo malĝojiĝas, foje.

Silento.

La mastro:

— Nu, estas juste. Labori en stato de malfeliĉo malfeliĉigas la laboriston kaj la frukton de lia laboro. Kaj tio okazas, de tempo al tempo, ĉar ĝi estas la homa naturo. Miaj laboristoj restu hejme, dum tiuj ombraj tagoj, ĝis lumo revekiĝas en ilia spirito. Estas juste.

Mi konjektas, ĉu ĉinoj estas pli malfeliĉaj ol brazilanoj, gvatemalanoj, aŭ marokanoj. Aŭ hindoj, ĉeĥoj, indonezianoj. Ĉu indus mezuri la malfeiĉecon de popoloj, same kiel oni mezuras ilian feliĉon — en ĉi tio elstaras skandinavoj, ĉampionoj en tiu fako.

Mi supozas, ke ne. Feliĉon eble oni povas mezuri; malfeliĉo estas ĉiam nemezurebla.

7 comentários:

  1. Curioso é o Butão, um reino de população budista, entre dois enormes países inimigos: a Índia e a China. O Butão nunca foi ... colonizado. Mas, aqui, o que nos desperta atenção é seu Ministério da Felicidade, que mede periodicamente o quociente de felicidade do país. Acreditam mais importante que medir o PIB ;)

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    1. Sim, o então ministro do Butão, Thakur Powdiel, criou o FIB (Felicidade Interna Bruta), que hoje a ONU adota como índice de bem estar dos países. Mas o que chamam de Felicidade é um olhar além das coisas materiais, como economia e riquezas. O FIB considera saúde, educação, meio ambiente e outros valores.
      Mas é muito interessante a visão de nosso amigo Paulo, que coloca a infelicidade como "nemezurebla", imensurável. Claro, a nível individual isso há de ser muito subjetivo.

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  2. Mezuri malfeliĉon estas ne mezuri ĝin. Kompato kaj helpo sufiĉas.

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  3. Meu coração tem cuidado
    com as coisas deste mundo;
    dorme o gato, sossegado,
    sob um céu de azul profundo...

    Mia koro havas zorgojn
    pri´l aferoj de la mondo;
    dormas la kato, sen bruojn,
    sub ĉiel´, bela respondo . . .

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  4. Melhor FIB que IIB. O par Felicidade-Infelicidade resolve as siglas. Bela crônica poética!

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  5. 922. La surtera feliĉo estas rilata al ĉies pozicio; kio sufiĉas por la feliĉo de unu, tio estas la malfeliĉo de alia. Ĉu tamen estas ia feliĉomezurilo, komuna al ĉiuj homoj?
    “Por la materia vivo, tiu estas posedo de porvivaĵoj; por la morala vivo, ĝi estas bona konscienco kaj fido je la estonteco.” (Allan Kardec, La Libro de la Spiritoj).

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  6. Ekde la 70-aj jaroj Butano (Buthan) aperas kiel la lando kun la plej alta nivelo de feliĉeco. Fakte, ili havas koncepton kiu anstataŭas la Malnetan Enlandan Produkton (MEP), io simila al "Malneta Nacia Feliĉeco". Interese, ĉu ne?

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