Uma professora de escola pública me escreve para contar que
a direção recomenda, durante esta semana,
o enaltecimento aos alunos daa figura das mães e, por extensão, do valor
da família. E que ela tem encontrado grande dificuldade em trabalhar esses
temas com os adolescentes. Muitos deles reagem com enorme ressentimento em
relação a seus pais. Alguns chegam a manifestar verdadeiro ódio, como foi o
caso de um menino que acusava o pai de tentar matá-lo. Excluídos casos
extremos, quase todos se queixam de que suas mães e pais os ofendem, agridem e
humilham com frequência. E que o ambiente, em casa, é de gritaria, palavrões e
pancadaria.
Descontada os conhecida inclinação à revolta, que é própria
da idade, alguém duvida que os relacionamentos familiares, pelo menos em grande
parte dos lares, em nosso país, estejam bastante degenerados? Muitos se
transformaram em usinas de mágoa. Nesse clima, como exaltar as mães no seu dia,
que além de tudo passou a ser a esperança dos comerciantes e a obrigação do
consumismo?
Se se deixa um pouco de lado a boa dose de hipocrisia que vem junto com a data destinada a elevar a
´mãezinha querida´ à duvidosa categoria de santa – convenhamos, os jovens têm
boas razões para a recusa.
Aconselhei a professora a apresentar a eles, em primeiro
lugar, o direito de expressar sua contestação – ela é legítima. Em segundo,
mostrar que a culpa não é só de seus péssimos pais: estes simplesmente não
foram preparados para a dura tarefa, ninguém os alertou jamais das dificuldades
e da necessidade de estudar o assunto, longamente, no intuito de errarem menos,
quando chegasse a hora. Em terceiro que, em breve, esses mesmos jovens
queixosos estariam na posição de pais e mães, eles também, e igualmente
despreparados e condenados a cometer os mesmos erros, se não piores.
E por fim, dizer a eles que o significado da paternidade e
da maternidade continua a ter a mais alta importância, apesar dos absurdos. Ser
pai ou mãe está entre as missões mais essenciais e difíceis da vida.
É espantoso que as famílias e os educadores dediquem tão
pouco tempo e esforço na tentativa de preparar as novas gerações para essa
tarefa. Não basta comemorar o dia das mães.
Pais melhores, mais humanos e mais sensatos fariam um grande
bem ao mundo.
TAGO DE PATRINOJ
Instruistino en publika
lernejo skribis al mi por rakonti, ke la lernejestraro rekomendis, ke dum unu
semajno oni elstarigu la figuron de patrinoj, kaj aldone la valoron de
familioj. Kaj ke ŝi trovas grandan malfacilecon prilabori
tiajn temojn kun la adoleskantoj. Multaj el ili reagas kun granda resento
rilate al siaj gepatroj. Kelkaj eĉ esprimas veran
malamon, kiel okazis flanke de knabo, kiu akuzis la patron je intenco mortigi
lin. Se oni flankelasas ekstremajn okazojn, preskaŭ ĉiuj plendas, ke iliaj gepatroj ilin ofte ofendas, agresas
kaj humiligas. Kaj ke la etoso hejme estas de kriaĉado, fivortoj kaj batoj.
Konsiderante, ke en tiu aĝo troviĝas konata inklino al ribelemo, ĉu iu tamen dubas, ke la familiaj interrilatoj, almenaŭ en granda parto el la hejmoj, en nia lando, estas tre degenerinta? Multaj
el tiuj transformiĝis en uzinojn de ĉagrenoj. Meze de
tia atmosfero, kiel ekzalti patrinojn en ilia tago, kiu krome fariĝis la espero de komercistoj kaj la devigo de konsumismo?
Se oni iom ignoras la bonan dozon da
hipokriteco, kiu akompanas tiun daton destinitan al la altigo de la ´kara
panjo´ al la duba kategorio de sanktulino – ni konsentu, ke la junuloj havas
siajn motivojn por rifuzo.
Mi konsilis al la instruistino, ke ŝi proponu al ili, unualoke, la rajton esprimi sian konteston – ĝi estas prava. Due, ke ŝi montru al ili, ke la kulpo ne apartenas
nur al iliaj malbonegaj gepatroj: ĉi tiuj simple ne
estis preparitaj por tiu severa tasko, neniu admonis ilin pri la malfacilaĵoj kaj pri la bezono studi la aferon, longe, kun la celo laŭeble eviti erarojn, kiam alvenos la momento. Trie, ke baldaŭ tiuj samaj plendantaj gejunuloj troviĝos en la pozicio de
patroj kaj patrinoj, ankaŭ ili, kaj same ne preparitaj, kaj
kondamnitaj al la samaj misfaroj, se ne eĉ pli gravaj.
Kaj fine, ke ŝi diru al ili, ke la signifo de patreco kaj patrineco plu havas plej altan
gravecon, malgraŭ la absurdaĵoj. Esti patro aŭ patrino signifas unu el la plej esencaj kaj malfacilaj misioj en la vivo.
Estas ŝoke, ke familioj kaj edukistoj dediĉas tiom malmulte da tempo kaj klopodoj por prepari la novajn generaciojn
por tiu tasko. Ne sufiĉas celebri la tagon de patrinoj.
Pli bonaj, pli humanaj kaj pli prudentaj
gepatroj farus grandan bonon al la mondo.
Meu querido amigo, só caberia uma pergunta: por que a escola precisa explorar temas como esse? Fui professora durante alguns anos da minha
ResponderExcluirvida e conheço de perto a angústia das crianças durante comemorações tais.
A realidade é muito dura e amarga para muitos e isso fere muito para quem tem uma chaga aberta no coração...
Penso que nosso programa educacional deveria preocupar-se com outras necessidades.
Um grande abraço.
Interessante artigo, Paulo! Parafraseando Simone de Beauvoir (que disse: " Não se nasce mulher, torna-se...), não se nasce mãe (ou pai), torna-se.
ResponderExcluirComo faz falta um curso para pais...
Um texto muito interessante e principalmente instigante! Perguntas, respostas, reflexões. Meus pais, creio, não estarem preparados, porém, devo a eles todos os exemplos que me foram apresentados, não só deles mas da família.
ResponderExcluirDiante disto fica uma questão, pelo menos a que pude presenciar em casa e nos meus familiares mais próximos, filhos queridos é o principal para a preparação da dádiva de ser pais.
O problema da relação entre pais e filhos deve ser tão antigo quanto a humanidade. Vem se agravando? Estamos a falar dos mimadinhos de hoje? De qualquer modo, a crônica é oportuníssima! Também esta é uma questão de Educação. Tudo é.
ResponderExcluirMuito bom, Paulo!!!