sábado, 30 de dezembro de 2017

O RASTRO

Foto PSV, dez. 2017
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A vida é como o rastro que o navio
desenha à superfície do oceano,
caminho passageiro e fugidio
que o mar de vagas varre, soberano.

É feito só de espuma, puro engano,
o belo, luminoso, luzidio
traçado sobre a água azul. Insano
querer que pelo mar corresse um rio.

Assim serão os fatos desta vida,
dos quais nenhum resquício há de ficar,
por mais que luminosa e apetecida.

Deixemo-los, que vão se desmanchar,
olhemos só à proa, atrevida,
que o importante, mesmo, é navegar.


LA SPURO

La vivo ŝajnas ia ŝipospuro
dum irado sur vasta oceano:
ĝi lasas blankan vojon dum la kuro
sed tuj malfaras ĝin la mara mano.

Ĉar trompa estas tia ŝaŭma lano
tre bela, hela, brila, luma puro
strekita sur la blua ondekrano
- sed baldaŭ malaperas vojkonturo.

Similaj estas faktoj dum la vivo,
ĉar ĉiujn la forgeso tuj forlavas,
spit´ al ties ĝuo kaj motivo.

El tiuj la destin´  neniun savas.
Al pruo do rigardu dum la drivo,
ĉar fakte nur la ŝipirado gravas.

3 comentários:

  1. Belíssimo soneto! O último verso caiu-lhe muito bem! Mas é triste., tristíssimo.

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  2. Pripenso naskita de dolora saŭdado fariĝas
    belega, fajna soneto: "fakte nur la ŝipirado gravas."

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  3. Vejo Pessoa em você, meu amigo querido...
    "Finge não ser dor, a dor que deveras sente."
    Deus o abençoe.

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