PSV, 05/2018
Primeiro foi a compaixão pelo
sofrimento dos doentes terminais. Antecipe-se-lhes a morte, suposto repouso
eterno.
Seguiu-se o turismo da morte, com excursões de ricaços
aos paraísos que lhe garantem suicídio assistido, com o qual obterão o alívio
de suas dores e o suposto repouso eterno.
Depois, veio o suicídio oferecido aos doentes mentais
que, mesmo não portadores de doença terminal,
já não suportam o próprio sofrimento e são presenteados com o suposto
repouso eterno.
Agora, por que não oferecer a doce morte supostamente
libertadora aos entediados, que, igualmente poupados de alguma doença terminal,
alegam que estão “cansados de viver”?
O suicídio assistido se espalha pelo mundo. As
legislações a respeito estabelecem que os fornecedores desse estranho serviço
não podem auferir lucro por ele. Entidades que o praticam, no entanto, têm sua
contabilidade. Estamos a um passo de o transformar em mais um simples negócio.
Não se pode negar: há no mundo sofrimentos atrozes,
diante dos quais nos angustiamos profundamente. É preciso desenvolver com
urgência a “Medicina do Cuidado Paliativo”, em nome da compaixão e da
solidariedade. Com todo o respeito a quem sofre e deseja ardentemente pôr fim à
agonia, antecipar a morte não me parece função da medicina.
LACA PRI LA VIVO
Unue, la
kompato pri la suferego de nekuraceblaj malsanuloj. Oni anticipu ilian morton,
supozatan eternan ripozon.
Sekvis la
turismo de morto, kun ekskursoj de riĉuloj al paradizoj, kiuj garantias al ili asistatan
memmortigon, per kiu ili havigos al si forigon de doloroj kaj la supozatan
eternan ripozon.
Poste,
alvenis la memmortigo proponata al mensmalsanuloj, kiuj, eĉ se ili ne havas malsanon baldaŭ mortigontan, jam ne eltenas sian
suferadon kaj ricevas la donacon de supozata eterna ripozo.
Nun, kial ne proponi dolĉan morton
supozeble liberigan, al enuantoj, kiuj, same ne havantaj baldaŭ mortigontan
malsanon, argumentas, ke ili estas “lacaj pri la vivo”?
La asistata memmortigo disvastiĝas
tra la mondo. Leĝoj pri tio starigas, ke
proponantoj de tiu stranga servo ne rajtas gajni monon per ĝi. Institucioj ĝin
praktikantaj tamen havas siajn kontojn.
Ni staras unu paŝon for de transformado de tio en unu plian simplan
negocon.
Ne eblas nei: troviĝas en la mondo
teruraj suferoj, fronte al kiuj ni profunde angoras. Urĝe necesas progresigi Paliativan Medicinon,
nome de kompatemo kaj solidareco. Kun plena respekto al suferantoj, kiuj arde
deziras fini sian agonion, tamen anticipi la morton ne ŝajnas al mi funkcio de
medicino.
"Urĝe necesas progresigi Paliativan Medicinon, nome de kompatemo kaj solidareco." Vi pravas! Oni ne forgesu la Hipokratan ĵuron!
ResponderExcluirMuito bom o texto,como conversamos ontem, para os médicos que o fazem, como ficam perante o juramento de Hipócrates? Assustador a banalização da vida!
ResponderExcluirMelhor não julgar. Diante do sofrimento atroz, aquele que sofre é que sabe de sua dor. Não há no juramento de Hipócrates nada que indique a perpetuação da vida, custe o que custar. Isso sim, é comercialização da medicina - as UTIs ganhando dinheiro à custa do sofrimento alheio. Assunto difícil. Ótimo texto, pra pensar.
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